quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Mania de Casal - Aimée



“Sou do tipo que não gosta de se apaixonar. Na verdade eu tenho medo de me apaixonar. Tanto medo que quando sinto um apertozinho no peito, chego a pedir que seja um infarto e não amor.”

(Ana Carolina)


Assim como a Ana Carolina, sempre fui do tipo que tem um certo pânico de nutrir sentimentos, sempre prefiro evitá-los e encontrar desculpas para acabar com qualquer chance de que eles acabem criando morada.

Escutei de uma pessoa que você sabe que vai se apaixonar por alguém apenas com um olhar, que não é necessário muito mais do que isso, e que nesse momento, você percebe quem pode te fazer sofrer ou não. 

Duvidei.

Estava numa fase pós fim de namoro conturbado, priorizando outras coisas na minha vida e saindo com várias pessoas, a última coisa que eu queria era me apaixonar naquele momento.

Era uma daquelas céticas que esbravejam sobre a própria descrença nas outras pessoas, que alardeavam seu excesso de racionalização e que juram, por tudo que é mais sagrado, que a paixão não criaria morada sem ser convidada. Tudo isso antes de te conhecer.

Eu já devia imaginar. Sair com uma pessoa que carrega o amor no nome não poderia ser um bom sinal. Arrisquei por imaginar que meu cérebro não entenderia francês, tolinha que sou, esqueci que não existem idiomas quando falamos de sentimentos.

Saí com você e, mesmo relutante, não consegui seguir o roteiro, não consegui deixar de ficar encantada com seu jeito, seu sorriso e a forma como você conseguia me fazer sentir insegura. Era uma vontade de correr e fugir de você, mas que me paralisava inteira e me fazia ficar sorrindo e tentando fazer nossa tarde durar além do que era esperado. Foi inventar uma vontade / necessidade súbita de comer kebab, foi inventar mais trezentas vontades e foi te oferecer carona.

Foi te deixar em casa e voltar pensando em você durante o caminho, foi desmarcar todas as outras e arrumar uma desculpa pra poder te ver no dia seguinte, foi inventar um jantar só pra esconder que eu estava morrendo de vontade de te ver tão cedo. Foi te apresentar minha família no terceiro encontro.

Inventei centenas de desculpas, me cobrei para te largar, coloquei uma infinidade de obstáculos, chamando o que sentia de loucura.

Fiz meu pedido de namoro, exatamente porque não queria nem imaginar que outra pessoa poderia tomar a frente e te roubar de mim. Fiz por egoísmo, fiz porque minha vontade era te roubar pra mim e provar que, mesmo não sendo a pessoa mais perfeita, sou eu a pessoa que vai te fazer feliz.

Sei que não fui a melhor no meu primeiro pedido, a verdade é que nem consegui olhar nos seus olhos. Tudo que eu tinha planejado falar se perdeu e eu acabei balbuciando umas palavras desconexas que por sorte você conseguiu entender, mesmo me dando um pequeno enfarte quando demorou pra responder.

Sabe qual o problema central nisso tudo? Eu queria que você realmente recebesse um pedido de namoro decente, então resolvi pedir assim, escrevendo.

Em uma pesquisa, realizada por dois cientistas desocupados da Universidade de Stanford, concluiu-se que quatro minutos são suficientes para um casal se apaixonar. Posso afirmar que eles estão enganados, no meu caso levou menos de um segundo, bastou o seu olhar cruzar com o meu e meu cérebro parou de funcionar.

Tem certeza que quer ser minha namorada?

Por Letícia Tambellini
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens populares