A casa, um espetáculo. Nada tão caro mas, por incrível que pareça, era tão acolhedora que se transformara num deslumbre! Seu proprietário, arquiteto e decorador, ao ver minha admiração me explicou com detalhes como criou em cimento os desenhos que depois foram pintados com tinta brilhante, em várias cores, dando a impressão de ladrilhos multicoloridos mas de formas absolutamente impossíveis de serem reproduzidas por aquele material. Alguns desenhos retorcidos, pintados em vários tons em degradée, adornavam cozinha e banheiros... Lindo de se ver.
A divisão da casa, os banheiros, corredores, os quartos... Na frente o primeiro: um quarto claramente de casal, seguido por outros para as crianças (muitas) e o último quarto, já no final do extenso corredor, bem depois da copa e cozinha, outro de casal... Creio que inconscientemente devo ter feito alguma expressão interrogativa (não foi minha intenção) e ele sorriu, olhando para sua esposa e depois para mim. Explicou-me que há mais ou menos cinco anos ambos possuem quartos separados. E a conversa tomou um novo rumo, muito interessante.
Depois de longos anos e cinco filhos, a vida conjugal enfrentou tormentas muito sérias, já não se entendiam mais. As brigas se tornaram constantes e as agressões verbais começaram a tomar um vulto assustador. E mesmo tentando de todas as formas, não conseguiam mais esconder a situação, principalmente dos filhos mais velhos. Estavam claramente caminhando para o fim.
Alguma coisa precisava ser feita, urgente, afinal haviam crianças envolvidas e esse clima de guerra constante era prejudicial a elas. Quando construíra a casa, o último cômodo seria um escritório, o que nunca aconteceu. Acabou se transformando em um depósito de quinquilharias... Daí teve uma ideia que poderia ser uma solução paliativa antes de conseguir se separar de fato. Transformou aquele cômodo em seu quarto e passou a dormir nele. Colocou uma cama de solteiro e um guarda-roupas. Pronto. Finalmente longe o suficiente para pelo menos dormir em paz.
Mas, após esse dia, algo começou a acontecer. Encontrando-se com sua esposa nos locais “neutros” da casa, já não brigavam tanto, aliás nem brigaram mais depois da sua “mudança”. Um dia ela bateu em sua porta, munida de um travesseiro extra. Começaram a partir dali a se encontrar “furtivamente” na calada da noite... Sem combinar nada, porque ele poderia ter voltado ao quarto original ou ela se mudado para o dele, mas havia um certo “pacto”: Eram amantes secretos.
Finalizaram o assunto quase falando ao mesmo tempo. Descobriram uma forma maravilhosamente fácil de convivência e estavam felizes. Não pensam em mudar, aliás, o que foi mudado foi a cama de solteiro do quarto dele para uma de casal mais propícia ao amor. Um visita os “domínios” do outro por algumas horas e depois a volta para seu próprio quarto. Nunca mais tiveram conflitos, pelo contrário: sentem que estão se amando cada vez mais. Os filhos não sabem (ou se sabem, não comentam). Tudo está maravilhosamente bem naquela casa de sonho e harmonia. Vivendo a mesma situação? Ouse mudar.
* Regina Racco é professora de ginástica íntima, autora dos livros: O livro de Ouro do Pompoarismo, A Conquista do Prazer masculino e Pirulito e Outras Delícias, sexo para mestres na arte da sedução - www.pompoarte.com.br
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